22 de outubro de 2010

Four eyes

Olha, quando a gente acha que a coisa tá ruim, acredite na lei de Murphy, ela vai piorar. Depois de uma inflamação na garganta traumática , um terçol que mais parecia um monstro ocular, e depois que um inseto me picou e daí surgiu uma infeccção que me tornou escrava de antibióticos ( e acredite, nem eu nem os três médicos que consultei sabem que inseto foi esse), finalmente achei que ia ficar livre. Tolinha.

O lance é que há uns meses percebi que estava tendo dificuldades pra enxergar o quadro, já que eu sento lá atrás. Mas eu tinha feito exame de vista no final do ano passado e não tinha dado nada. Poxa, ninguém adquire miopia tão rápido, foi o que pensei. Tolinha, de novo. Quando notei que era a única lá do fundão que não enxergava, tomei vergonha na cara e marquei um oftalmologista. E daí, anteontem, eu descobri: vou ter que usar óculos. Sim, quando eu vi que não estava enxergando as letrinhas no quadro, bateu o desespero. Desespero maior foi quando o médico desceu  a lente em frente ao meu olho e eu enxerguei bem melhor.

Ai meu Deus. Nunca, em toda a minha vida, nesses 17 anos de dura jornada, achei que ia usar óculos.


Hoje eu e mamãe fomos ver em algumas óticas os orçamentos, os modelos de armação e tal. Gente, como um mundo de coisas acontece e eu não percebo. Quero dizer, depois das duas primeiras óticas, eu fui em uma terceira. Quando saí dali, um cara, que aparentemente trabalhava pra outra ótica duas lojas depois nos cercou na rua e fez com que entrássemos na loja. Acabei entrando e fazendo um outro orçamento, embora eu não quisesse comprar ali porque achei a abordagem do cara uma baita falta de educação. E quando saí desta loja, fui abordada por um outro cara, que tinha uma cárie horrível entre os dois dentes da frente (observação: é uma vergonha a saúde bucal dos habitantes desse país) e praticamente nos jogou na outra ótica. Cara, como têm óticas no centro da cidade! Eu acabei entrando, mas eu não queria comprar lá pelo mesmo motivo. E daí quando saí da loja, virei pra minha mãe: "Será que agora vou poder andar em paz pela rua? Tem mais alguma outra ótica nessa droga dessa rua?". Depois que a minha mãe me disse que não eu fiquei tranquila. Tolinha.

Porque aí eu vi o cara da cárie vindo na minha direção. "Ah, não.", pensei. Mas ele virou pra mim e falou. "Vou fazer o seguinte. Vão naquela ótica ali, é o melhor preço. A dona de lá já trabalhou comigo. Vou levá-las. " Eu olhei interrogativa pra mamãe. Ela virou pro homem do dente da cárie e falou: "Peraí, pra quem você trabalha afinal? ". E aí, ele falou: "não, ali eu trabalho de carteira assinada", e pausou. "a loja pra onde estou levando vocês é dessa outra mulher.". Pois é, lances da vida. E ele continuou: " o dono daquelas três lojas era meu amigo também, trabalhava comigo, mas depois que ele participou do Big Brother e ganhou uma bolada, virou patrão e não fala com mais ninguém. E tanto que eu torci pra ele ganhar o meio milhão."

Mamãe perguntou : " Ei, mas ele não abriu um restaurante?". E o cara: "Também. E não me dá um prato de comida." E aí que eu me liguei: se as três óticas com aliciadores são do mesmo dono, por que diabos esses aliciadores que nos abordam nas ruas como abutres existem? E foi aí que o cara me explicou que era tudo uma jogada de marketing, para dar ao cliente a ilusão de concorrência, preço, sei lá. Pois é, meus caros, o mundo neoliberal é tenso. Fui na outra ótica mas não comprei lá também. E não foi por ética não. Descobri que no mundo das óticas ninguém presta. Dane-se o caráter. Comprei em outra ótica em outra rua, em outro lugar do centro. O preço saiu parecido, mas achei um modelo do jeito que eu aceitaria usar, bem discreto, clássico e o mais retangular possível pra equilibrar minhas bochechas de Fofão.

Outro problema foi explicar para a balconista da ótica final que eu não queria nenhum modelo vazado, tipo, que tem espaço entre lente e haste.



Viram o espacinho? Pois é. Aquilo me dá uma sensação de que estive numa guerra e houve uma explosão e um pedaço do óculos foi-se. A droga é que as balconistas não entendem minha percepção de mundo. Droga. Quando meu óculos chegar, eu coloco uma foto aqui pra vocês verem como é, tá? Ele é uma grça, dourado, simples, clássico e levemente charmoso.

é mais ou menos parecido com esse aí de cima

Ah, mas o pior dessa história da miopia não para por aí. Porque na quinta feira o assunto da aula de física ótica foi, tcharam: olho humano e os problemas de visão!!!

Sim, é um complô universal. Porque assim que a aula começou, no primeiro tempo, o professor Anderson falou: " Gente, eu posso dar a aula de olho humano, que é opcional já que não faz parte do conteúdo da escola, ou fazer revisão. Aposto que Luma, como quer ser médica, vai gostar da aula." E foi aí, meus caros que cometi O erro.
"Ainda mais agora Anderson. Descobri que tenho miopia."
E aí a minha miopia virou O tema da aula. Todo mundo que usa óculos ficou me dando dicas, dizendo que não é tão ruim. Exceto Ana Carol, que lembrou que a tendência é o grau aumentar. (sacanagem lembrar uma coisa dessas, amiga. Saiba que eu só te perdôo porque você é legal.)
E "miopia da Luma" não foi só o tema da aula da minha turma, a 1303. Foi tema pra aula de outras turmas. Lembrem-me de no futuro armar um plano de vingança pra Anderson. Eu não vou esquecer.

Gente, preciso ir. Tenho muita coisa pra estudar e amanhã tenho aula, pra variar.

beijos, papai do céu os guie sempre.

P.S.: pessoinhas, me compreendam: como um cara com dois trabalhos ( um legalizado e outro de espião) não tem dinheiro pra mandar um dentista fazer uma obturação nos dentes da frente? Como?

P.S.2: se eu prejudiquei a vida ou o trabalho de alguém com meu post, dane-se. Quem não deve não teme.

P.S. 3: hoje chegou o cartão de confirmação do ENEM. Torçam por mim. Eu preciso mandar bem, ralei muito a vida inteira por isso, dedicação integral aos estudos por quase 18 anos. Eu mereço.

4 de outubro de 2010

Destino

Há muito tempo quero escrever e não encontro tempo. Na verdade, as 24 horas de um dia tem sido pouquíssimas para mim. A concorrencia 68 por vaga da UFF me forçou a estudar muito. Ai, que medo gente!! E o pior é que, por mais que eu organize meu tempo ao máximo, NÃO DÁ!

Quero dizer, eu quero passar esse ano. Se eu não passar, o que vai ser de mim ano que vem? Essas incertezas estão me consumindo por dentro. O que eu faço? Escolho outra carreira? Fico trancada em casa estudando (vocês já viram o preço de um pré-vestibular? são os olhos da cara!)? Tomo vergonha na cara e vou trabalhar?

E esse sonho de ser médica? Será só uma ilusão? Será que eu poderia fazer outra coisa? Se sim, o quê? Psicologia? Odonto? Ou, radicalizando um pouco... História? Comunicação?

Ai, isso é tão confuso. Pensei estar certa até chegar nessa reta final, nesse último semestre. Minha última prova da escola é dia 13 de novembro. Tenho um mês. E depois, bem é uma incógnita pra mim.

Tem batido um vazio muito grande. A incerteza. Durante três anos da minha vida quis ser médica, mas agora parece que não é ali que vou ser feliz. Parece que... sei lá.

Outro dia estava comentando com o professor de física sobre essas coisas de profissões. E comentei sobre gostar muito de psicologia, mas do meu medo de mudar. Sim, tenho medo de mudar. Mudar meus conceitos, minhas idéias. Sempre fui tão certinha, vai que eu fico maluca? Vai que eu deixo essa minha personalidade de lado? E foi aí que ele disse: "Luma, e qual o problema de mudar?"

Eis o x da questão. Por que eu não quero mudar? Por que eu quero seguir os cronogramas que planejei?

Hoje estava assistindo Sessão da Tarde ( o que me impediu de estudar literatura e química), vendo De Repente 30 pela bilionésima vez. Pois é, eu SEI que meu cronograma não vai funcionar. Basta olhar pra trás.

Quando eu tinha 12 anos queria ser contadora. Sim, contadora. Porque eu odiava biologia. Eu dizia que a última coisa que faria seria fazer algo relacionado a isso. E hoje sou fissurada por corpo humano. Eu devo ser doente. Ou sem personalidade. Naquela época eu achava que aos 17 anos, meus pais estariam ricos (doce e distante ilusão), eu seria magra, alta, popular, estudaria numa escola tradicional voltada para a elite, namoraria o cara mais gato da escola e teria um exército de amigas patricinhas e ensinaria a todos eles a ser pessoas melhores, promovendo um mundo melhor. Que ridículo!

Hoje eu continuo pobre, gordinha, baixinha, estudo em escola pública e minha popularidade é próxima de zero. Me tornei adulta demais, madura demais pra minha idade. Talvez insuportável demais pra minha idade. Minhas unhas não estão pintadas de francesinha, e sim sem esmalte, apenas de base. Às vezes, é deprimente. Será que mais frustrações estão a caminho?

Oh, meu Deus! E meus pais, eles acreditam que eu vou fazer medicina, que vou passar, que vai dar tudo certo e eu vou ter sucesso. E se eles se decepcionarem? E se eu virar uma fracassada depois de tanto esforço, de tantos ônibus lotados, de tantas provas e seleções, de tantos engarrafamentos, de tantas horas gastas no estágio que larguei, no coral que acabou, no curso de inglês que terminou? E se eu nunca casar e tiver minha família de comercial de margarina?

Acontece que, quando a gente vai fazer inscrição no vestibular, e tem que escolher aquela opção, o coração bate mais forte, a gente se sente perdido. É como se, em um clique, eu tivesse que escolher todo o meu destino. Será que é errado descobrir o que se quer da vida só depois de já ter ingressado na universidade? Quero dizer, se eu passar e depois desistir, não estaria roubando a vaga de alguém que realmente queria aquilo?

Ética. Frieza. Carinho. Saudades. Destino. Fim. MUDANÇA.

É muita loucura de uma só vez.

beijos.

P.S.: antes que alguém me ache chata, eu só queria desabafar. As pessoas com quem tento conversar não entendem o que é ser eu, ter a minha vida, os meus problemas, as minhas dúvidas. Não quero que o ano acabe. Não quero terminar a escola. Não quero fazer 18 anos.

22 de outubro de 2010

Four eyes

Olha, quando a gente acha que a coisa tá ruim, acredite na lei de Murphy, ela vai piorar. Depois de uma inflamação na garganta traumática , um terçol que mais parecia um monstro ocular, e depois que um inseto me picou e daí surgiu uma infeccção que me tornou escrava de antibióticos ( e acredite, nem eu nem os três médicos que consultei sabem que inseto foi esse), finalmente achei que ia ficar livre. Tolinha.

O lance é que há uns meses percebi que estava tendo dificuldades pra enxergar o quadro, já que eu sento lá atrás. Mas eu tinha feito exame de vista no final do ano passado e não tinha dado nada. Poxa, ninguém adquire miopia tão rápido, foi o que pensei. Tolinha, de novo. Quando notei que era a única lá do fundão que não enxergava, tomei vergonha na cara e marquei um oftalmologista. E daí, anteontem, eu descobri: vou ter que usar óculos. Sim, quando eu vi que não estava enxergando as letrinhas no quadro, bateu o desespero. Desespero maior foi quando o médico desceu  a lente em frente ao meu olho e eu enxerguei bem melhor.

Ai meu Deus. Nunca, em toda a minha vida, nesses 17 anos de dura jornada, achei que ia usar óculos.


Hoje eu e mamãe fomos ver em algumas óticas os orçamentos, os modelos de armação e tal. Gente, como um mundo de coisas acontece e eu não percebo. Quero dizer, depois das duas primeiras óticas, eu fui em uma terceira. Quando saí dali, um cara, que aparentemente trabalhava pra outra ótica duas lojas depois nos cercou na rua e fez com que entrássemos na loja. Acabei entrando e fazendo um outro orçamento, embora eu não quisesse comprar ali porque achei a abordagem do cara uma baita falta de educação. E quando saí desta loja, fui abordada por um outro cara, que tinha uma cárie horrível entre os dois dentes da frente (observação: é uma vergonha a saúde bucal dos habitantes desse país) e praticamente nos jogou na outra ótica. Cara, como têm óticas no centro da cidade! Eu acabei entrando, mas eu não queria comprar lá pelo mesmo motivo. E daí quando saí da loja, virei pra minha mãe: "Será que agora vou poder andar em paz pela rua? Tem mais alguma outra ótica nessa droga dessa rua?". Depois que a minha mãe me disse que não eu fiquei tranquila. Tolinha.

Porque aí eu vi o cara da cárie vindo na minha direção. "Ah, não.", pensei. Mas ele virou pra mim e falou. "Vou fazer o seguinte. Vão naquela ótica ali, é o melhor preço. A dona de lá já trabalhou comigo. Vou levá-las. " Eu olhei interrogativa pra mamãe. Ela virou pro homem do dente da cárie e falou: "Peraí, pra quem você trabalha afinal? ". E aí, ele falou: "não, ali eu trabalho de carteira assinada", e pausou. "a loja pra onde estou levando vocês é dessa outra mulher.". Pois é, lances da vida. E ele continuou: " o dono daquelas três lojas era meu amigo também, trabalhava comigo, mas depois que ele participou do Big Brother e ganhou uma bolada, virou patrão e não fala com mais ninguém. E tanto que eu torci pra ele ganhar o meio milhão."

Mamãe perguntou : " Ei, mas ele não abriu um restaurante?". E o cara: "Também. E não me dá um prato de comida." E aí que eu me liguei: se as três óticas com aliciadores são do mesmo dono, por que diabos esses aliciadores que nos abordam nas ruas como abutres existem? E foi aí que o cara me explicou que era tudo uma jogada de marketing, para dar ao cliente a ilusão de concorrência, preço, sei lá. Pois é, meus caros, o mundo neoliberal é tenso. Fui na outra ótica mas não comprei lá também. E não foi por ética não. Descobri que no mundo das óticas ninguém presta. Dane-se o caráter. Comprei em outra ótica em outra rua, em outro lugar do centro. O preço saiu parecido, mas achei um modelo do jeito que eu aceitaria usar, bem discreto, clássico e o mais retangular possível pra equilibrar minhas bochechas de Fofão.

Outro problema foi explicar para a balconista da ótica final que eu não queria nenhum modelo vazado, tipo, que tem espaço entre lente e haste.



Viram o espacinho? Pois é. Aquilo me dá uma sensação de que estive numa guerra e houve uma explosão e um pedaço do óculos foi-se. A droga é que as balconistas não entendem minha percepção de mundo. Droga. Quando meu óculos chegar, eu coloco uma foto aqui pra vocês verem como é, tá? Ele é uma grça, dourado, simples, clássico e levemente charmoso.

é mais ou menos parecido com esse aí de cima

Ah, mas o pior dessa história da miopia não para por aí. Porque na quinta feira o assunto da aula de física ótica foi, tcharam: olho humano e os problemas de visão!!!

Sim, é um complô universal. Porque assim que a aula começou, no primeiro tempo, o professor Anderson falou: " Gente, eu posso dar a aula de olho humano, que é opcional já que não faz parte do conteúdo da escola, ou fazer revisão. Aposto que Luma, como quer ser médica, vai gostar da aula." E foi aí, meus caros que cometi O erro.
"Ainda mais agora Anderson. Descobri que tenho miopia."
E aí a minha miopia virou O tema da aula. Todo mundo que usa óculos ficou me dando dicas, dizendo que não é tão ruim. Exceto Ana Carol, que lembrou que a tendência é o grau aumentar. (sacanagem lembrar uma coisa dessas, amiga. Saiba que eu só te perdôo porque você é legal.)
E "miopia da Luma" não foi só o tema da aula da minha turma, a 1303. Foi tema pra aula de outras turmas. Lembrem-me de no futuro armar um plano de vingança pra Anderson. Eu não vou esquecer.

Gente, preciso ir. Tenho muita coisa pra estudar e amanhã tenho aula, pra variar.

beijos, papai do céu os guie sempre.

P.S.: pessoinhas, me compreendam: como um cara com dois trabalhos ( um legalizado e outro de espião) não tem dinheiro pra mandar um dentista fazer uma obturação nos dentes da frente? Como?

P.S.2: se eu prejudiquei a vida ou o trabalho de alguém com meu post, dane-se. Quem não deve não teme.

P.S. 3: hoje chegou o cartão de confirmação do ENEM. Torçam por mim. Eu preciso mandar bem, ralei muito a vida inteira por isso, dedicação integral aos estudos por quase 18 anos. Eu mereço.

4 de outubro de 2010

Destino

Há muito tempo quero escrever e não encontro tempo. Na verdade, as 24 horas de um dia tem sido pouquíssimas para mim. A concorrencia 68 por vaga da UFF me forçou a estudar muito. Ai, que medo gente!! E o pior é que, por mais que eu organize meu tempo ao máximo, NÃO DÁ!

Quero dizer, eu quero passar esse ano. Se eu não passar, o que vai ser de mim ano que vem? Essas incertezas estão me consumindo por dentro. O que eu faço? Escolho outra carreira? Fico trancada em casa estudando (vocês já viram o preço de um pré-vestibular? são os olhos da cara!)? Tomo vergonha na cara e vou trabalhar?

E esse sonho de ser médica? Será só uma ilusão? Será que eu poderia fazer outra coisa? Se sim, o quê? Psicologia? Odonto? Ou, radicalizando um pouco... História? Comunicação?

Ai, isso é tão confuso. Pensei estar certa até chegar nessa reta final, nesse último semestre. Minha última prova da escola é dia 13 de novembro. Tenho um mês. E depois, bem é uma incógnita pra mim.

Tem batido um vazio muito grande. A incerteza. Durante três anos da minha vida quis ser médica, mas agora parece que não é ali que vou ser feliz. Parece que... sei lá.

Outro dia estava comentando com o professor de física sobre essas coisas de profissões. E comentei sobre gostar muito de psicologia, mas do meu medo de mudar. Sim, tenho medo de mudar. Mudar meus conceitos, minhas idéias. Sempre fui tão certinha, vai que eu fico maluca? Vai que eu deixo essa minha personalidade de lado? E foi aí que ele disse: "Luma, e qual o problema de mudar?"

Eis o x da questão. Por que eu não quero mudar? Por que eu quero seguir os cronogramas que planejei?

Hoje estava assistindo Sessão da Tarde ( o que me impediu de estudar literatura e química), vendo De Repente 30 pela bilionésima vez. Pois é, eu SEI que meu cronograma não vai funcionar. Basta olhar pra trás.

Quando eu tinha 12 anos queria ser contadora. Sim, contadora. Porque eu odiava biologia. Eu dizia que a última coisa que faria seria fazer algo relacionado a isso. E hoje sou fissurada por corpo humano. Eu devo ser doente. Ou sem personalidade. Naquela época eu achava que aos 17 anos, meus pais estariam ricos (doce e distante ilusão), eu seria magra, alta, popular, estudaria numa escola tradicional voltada para a elite, namoraria o cara mais gato da escola e teria um exército de amigas patricinhas e ensinaria a todos eles a ser pessoas melhores, promovendo um mundo melhor. Que ridículo!

Hoje eu continuo pobre, gordinha, baixinha, estudo em escola pública e minha popularidade é próxima de zero. Me tornei adulta demais, madura demais pra minha idade. Talvez insuportável demais pra minha idade. Minhas unhas não estão pintadas de francesinha, e sim sem esmalte, apenas de base. Às vezes, é deprimente. Será que mais frustrações estão a caminho?

Oh, meu Deus! E meus pais, eles acreditam que eu vou fazer medicina, que vou passar, que vai dar tudo certo e eu vou ter sucesso. E se eles se decepcionarem? E se eu virar uma fracassada depois de tanto esforço, de tantos ônibus lotados, de tantas provas e seleções, de tantos engarrafamentos, de tantas horas gastas no estágio que larguei, no coral que acabou, no curso de inglês que terminou? E se eu nunca casar e tiver minha família de comercial de margarina?

Acontece que, quando a gente vai fazer inscrição no vestibular, e tem que escolher aquela opção, o coração bate mais forte, a gente se sente perdido. É como se, em um clique, eu tivesse que escolher todo o meu destino. Será que é errado descobrir o que se quer da vida só depois de já ter ingressado na universidade? Quero dizer, se eu passar e depois desistir, não estaria roubando a vaga de alguém que realmente queria aquilo?

Ética. Frieza. Carinho. Saudades. Destino. Fim. MUDANÇA.

É muita loucura de uma só vez.

beijos.

P.S.: antes que alguém me ache chata, eu só queria desabafar. As pessoas com quem tento conversar não entendem o que é ser eu, ter a minha vida, os meus problemas, as minhas dúvidas. Não quero que o ano acabe. Não quero terminar a escola. Não quero fazer 18 anos.