21 de fevereiro de 2011

Essa última semana foi, definitivamente, desgastante.

No domingo, dia 13, como eu já disse, fui reclassificada para estudar na UFRJ - campus Macaé. Bem, Macaé é uma cidade bonita, a 170 km de onde moro, é litorânea e nos últimos anos sofreu um boom de crescimento graças ao petróleo. Esse boom fez com que Macaé tenha um altíssimo custo de vida.

E foi aí que nasceu minha indecisão. Ficar na Souza Marques, onde já estava matriculada, onde as aulas começariam no dia seguinte, ou ir de mala e cuia pra Macaé, estudar medicina na UFRJ e tomar vergonha na cara e admitir que (infelizmente) agora sou adulta. Mas não era só medo de crescer. O maior problema era o financeiro. Como meus pais iriam me bancar em Macaé? Como?
Afinal, as bolsas que a universidade oferece são no valor de 360 reais e não acumulam. 360 reais não cobrem minhas despesas. Mesmo que eu esteja no "top 10 pão dura Brasil". Entretanto, bem, era UFRJ. Era no interior, longe da poluição que eu odeio. Longe do trânsito super hiper caótico que eu não suporto. Longe do calor fortíssimo causado pelas ruas asfaltadas. Longe do que eu odeio. Perto do que eu gosto. Gosto de mato, vacas e montanhas. Gosto de brisa. E Macaé tem uma brisa marítima simplesmente deliciosa. A brisa é tão gostosa que nem parece que estamos no verão tenebroso que passo onde moro. Não parece mesmo.

E agora? Que decisão tomar? A cada 20 minutos eu mudava de idéia. Caramba, por que a gente tem que decidir coisas tão importantes em tão pouco tempo? Por quê? Isso é muuito injusto. Em plena madrugada lá estava eu, com Vivi no telefone. Vivi é uma das pessoas mais sensatas que conheço. Vivi deu maior força pra eu ir pra Macaé. É, mas não é Vivi que vai ter que construir uma vida nova numa cidade nova. Tá, decidi: iria pra UFRJ. Entretanto, na 2ª feira, quando cheguei na Souza Marques, e tive que assinar o papel de cancelamento da matrícula, eu simplesmente não consegui!
Cara, foi com a Souza Marques que eu chorei de alegria, foi com a Souza que eu não dormi de eufora, foi com a Souza que fiz promessas. Como jogas tudo isso fora? Cara, eu conseguiria uma bolsa de 100% numa boa faculdade e estava jogando isso fora por uma vontade alucinada de sair da região metropolitana. Não assinei o papel e voltei pra casa. A mulher responsável pelo Prouni lá me disse que eu poderia decidir até quinta feira. Voltei pra casa. Chorei de nervoso. Eu não me decidia. Chegou terça à noite. A matrícula em Macaé deveria ser feita na quarta. E eu não tinha decidido nada! Mas que droga! O que vale mais? Os sonhos? Estar perto da família? Realizar nossas vontades? Seguir nossos princípios e ser fiel à faculdade que te deu a primeira oportunidade? E o dinheiro? Onde eu arrumaria dinheiro? Por que isso tinha que acontecer logo comigo? E por que diabos o campus Macaé não tem uma droga de alojamento? Droga.

Papai chegou em casa e intimou: " Luma, por mim você já pode ir pra UFRJ. Não é justo você passar pra lá e não ir por causa de dinheiro, eu dou meu jeito. Pelo amor de Deus. Agora é com você." Eis uma coisa que eu odeio: Agora é com você, A decisão é sua, Você é quem sabe, Faz o que achar melhor.

Mas as pessoas esquecem que eu não sei o que é melhor pra mim. Mesmo que eu já tenha 18 anos!

Tá, já que papai liberou, decidi: ir para a UFRJ. Dane-se o mundo. Tô cansada de suprimir minhas vontades a vida toda. Chega uma hora que a gente quer gritar, sabe? Que quer fazer o que dá na telha. Que a gente cansa de viver em função dos outros. Que cansa de sorrir pra deixar os outros felizes enquanto a nossa vontade por dentro é gritar, chorar, desabafar, mandar todos ao inferno. Simples assim.

Mas só agora eu tô tendo noção do que consegui. EU.PASSEI.PRA.MEDICINA.DE.PRIMEIRA.NA.UFRJ.

Que surreal! Vocês sabem quantos parabéns já recebi? Talvez mais que em todos os meus últimos, sei lá, cinco aniversários! Sabe o quão famosa eu tô ficando? Cara, isso é muuuuuuuuuito bom! Valeu, papai do céu. Valeu mesmo.

Obrigada leitores. É graças a vocês que o blog existe. E é graças ao blog que eu ainda existo.

beeeeeeeeijos

14 de fevereiro de 2011

Acabei de ter o dia mais turbulento da minha vida. Por quê?

Dia 14 de fevereiro de 2011. Seria o primeiro dia de aula como bolsista na FTESM, no Rio. Mas eis que em pleno domingo, dia 13, pela manhã: tcharam! Sou raclassificada pra UFRJ. O que eu fiz? Família em peso no carro percorrendo os 175 km que separam minha casa até Macaé, onde fica o campus onde fui aprovada. 175km. É muuuita coisa! Horas de viagem. Mas valeu a pena. Macaé é uma cidade linda. Limpa, com uma temporatura agradável, ensolarado com uma brisa deliciosa. É demais. E agora? Tenho que correr cancelar tudo em Madureira pra me mandar pra Macaé. Afinal, em Macaé a temperatura não é de 45ºC e sim de uns 30ºC. Macaé tem praia e árvores. Muitas árvores. Tô feita. Grazie Dio. Depois posto mais. São uma da manhã, tive um dia tumultuado e preciso dormir!

beeeijos

12 de fevereiro de 2011

Madureira

Alguém aqui já foi a Madureira? Em pleno verão? Se você nunca foi, sorte sua. Se já foi, como você ainda está vivo?

Tá, agora os admiradores do bairro movimentadíssimo do subúrbio carioca vão querer me apedrejar. E a merda droga é que passarei a ser frequentadora assídua do bairro. Sério.

Como minhas aulas começam segunda - em menos de 30 horas serei uma universitária! - , eu e mamãe fomos até a faculdade para que eu aprendesse a chegar lá de ônibus, já que das outras duas vezes em que fui lá estava de carro com papai.
Meu, eis mais motivos para odiar transporte público.

Saí de casa por volta das 10 da manhã. Demorei um pouco pra sair, eu sei. Mas é que ontem eu fui no McDonald, comi um super combinadão, desses que tem calorias suficientes pra uma semana. Hoje eu tive que fazer uma boa caminhada. Minha consciência tava pesando. Mais que o estomago depois do lanche, fato.

Tá, então eu e mamãe pegamos o ônibus que vinha de Maricá - eu moro na estrada que é caminho para Maricá, município da região dos Lagos -  e ia para o centro do Rio. Valor da passagem: R$10,00. Depois soltamos no centro da cidade, andamos até a Central - que eu creio que seja aquela central de Central do Brasil, o filme com a Fernanda Montenegro - onde pegamos um trem. Sim colegas, trem. Bem, eu sempre achei trem uma coisa muito legal. Eu queria governar uma cidade cheia de trens. Cara, trem não pega engarrafamento! Sabe o que é não pegar engarrafento? É como comer Big Mac e não engordar! É lindo!

Ok, mas o trem não era nada lindo. Ana Carol tinha me enchido a paciência pra eu não andar de trem, pois o trem passaria perto da cracolândia e aí os caras drogados invadiriam o trem e tentariam acabar comigo. Mas parece que até para os drogados da cracolândia eu sou invisível. Não. Porque eu não vi a droga da tal cracolândia e rapidinho cheguei na estação Madureira. Mas o trem era deplorável. Estava em tão péssimo estado que era mais provável eu morrer num acidente de trem que atacada por drogados. Depois de alguns minutos de sofrimento naquela droga de trem - acho que nem bondinhos me enchem mais os olhos - me deparei com um centro comercial assustador.
Eu já falei que odeio centros comerciais, shopping center, trânsito e tudo que remeta a metrópole? Pois que praticamente entrei em pânico. Eu prometo que um dia me mando pro interior do estado, onde eu tenha uma plantação de girassóis, uma horta, um pomar, e trabalhe no único posto de saúde da região. E que eu vá trabalhar de bicicleta, óbvio. Mas isso não vem ao caso agora.

Ao sair da estação dei de cara com um labirinto de passarelas. Meu Deus, era muita passarela! Tá, calma. Depois de pedir informação a umas vinte e cinco mil pessoas cheguei na faculdade, que já nem é Madureira direito, é Cascadura. Andei igual a uma bandeirante desbravadora da Amazônia e percorri as ruas apanhadas de lojas, vendedores ambulantes e transeuntes. Era o fim, só podia. Bebi uns 50 litros de água. Os vendedores ambulantes gritavam em nossos ouvidos sempre " água é um real, água é um real!". Tinha tanta van na rua que me senti na África do Sul. Cheguei a ponto de entrar na Americanas pra pegar uma brisa do ventilador que estava exposto. Isso pode não ser algo  legal mas você, caro leitor, não era eu, ok?

Bem, depois de muita peregrinação, descobri algumas coisas:

- mesmo que o termômetro da rua marque 41ºC a sombra, a sensação térmica pode beirar os 50ºC, pois tem gente demais na rua.

- Eu odeio barulhos.

- Em Madureira, as lojas de roupas vagabundas ( tipo: regatas de 3,99 e short de 2,99) vendem uniforme de escola pública, é sério. Mamãe acha que é porque as escolas só dão um uniforme e os alunos precisam de mais de um. Aí esses comerciantes ambiciosos que escravizam costureiras bolivianas, colombianas, peruanas e talz falsificam o uniforme e vendem. E vende muito! Nunca vi nada parecido em Niterói ou São Gonçalo.

- Se o teu sonho é estudar medicina, você acorda 04:40 da manhã, pega onibus, trem, anda pra caramba, pega onibus, outro onibus e chega em casa umas oito da noite. Pra revisar a matéria, você simplesmente nãp dorme.

- Se você sai, em pleno verão, e fica muito tempo andando em ruas ensolaradas, seu bronzeado fica com a marca da roupa. E você se despera!

- Arlindo Cruz fez aquelas música pra Madureira. Mas se ele fosse lá hoje e passasse pelo que passei, ele negaria até a morte.

- O Aquecimento Global destruiu a cidade maravilhosa. E o resto do mundo. Sim.

beeijos

6 de fevereiro de 2011

O mais importante não é de onde se vem e sim para onde se quer ir.

Eu não sabia quando seria a melhor hora pra falar isso aqui. Mas agora o desejo de partilhar a alegria e a ansiedade com meus amadíssimos, fofíssimos leitores, para os visitantes ocasionais, para alguém que está aqui pela primeira vez falou mais alto.


Eu consegui. Sim, eu consegui. E espero continuar conseguindo. O quê? A tão sonhada chance de estudar medicina. Eu vou realizar meu sonho. Superei o primeiro dos milhões de obstáculos que tenho no caminho. E vou lutar muito para não bloquearem meu trajeto. Consegui, graças ao excelentíssimo programa do querido, fofo, Lula ( eu já disse que virei fã número zero - antes do um - desse cara diante dos últimos acontecimentos? ). Pois foi graças ao amado PROUNI -  programa que já admirava e agora sou incrivelmente grata - uma bolsa integral pra estudar medicina!!!!

Pois é, nem eu tô acreditando aina. Morri de medo de não conseguir a bolsa, já que papai é autonomo e comprovar renda é difícil e talz, mas a justiça foi feita e eu consegui!!!!
Eu consegui! Já estou matriculada no primeiro ano da Escola de Medicina da Fundação Técnico Educacional Souza Marques!
Vocês tem noção do que é isso? Eu sou uma das primeiras pessoas da família a ir pra faculdade! "Primeiras" porque eu tenho uma tia por parte de mãe que fez licenciatura em matemática numa pequena universidade em São Gonçalo graças a um convênio da Prefeitura de Cachoeiras de Macacu, onde trabalha, e uma prima por parte de pai que fez Marketing na Estácio, se não me engano.

Cara, meus pais estão tão orgulhosos de mim! Mal terminei o ensino médio, não fiz nenhum preparatório e consegui passar pra medicina. Tudo bem que não foi pra nenhuma federal ( de qualquer forma torçam por mim, agora sou a primeira da lista de espera da UFRJ - macaé, e eu quero ir para o mural da escola onde fica o nome de quem passou pras universidades públicas), mas é o que eu quero.

Nunca me importei de onde iria estudar e sim quando eu conseguiria ingressar. Pois desistir do meu sonho de ser médica e migrar pra outra área seria o cúmulo pra mim. Ah, sim. Quero dizer, Ivo Pitanguy tentou 8 vezes! Por que diabos eu, a singela Luma, deveria desistir logo de cara? Fala sério.

As aulas começam dia 14/02. Estou nervosa. Um monte de gente totalmente diferente de mim. Com histórias completamente diferentes das minhas. Mas acha que ligo? Não. E sabe por quê? Porque embora a maioria deles tenham estudado em boas escolas particulares e tenham viajado o mundo inteiro, todos estamos ligados pelo mesmo objetivo. De ser médicos. De salvar vidas.

Beeeeijos, espero postar de novo em breve! =D

21 de fevereiro de 2011

Essa última semana foi, definitivamente, desgastante.

No domingo, dia 13, como eu já disse, fui reclassificada para estudar na UFRJ - campus Macaé. Bem, Macaé é uma cidade bonita, a 170 km de onde moro, é litorânea e nos últimos anos sofreu um boom de crescimento graças ao petróleo. Esse boom fez com que Macaé tenha um altíssimo custo de vida.

E foi aí que nasceu minha indecisão. Ficar na Souza Marques, onde já estava matriculada, onde as aulas começariam no dia seguinte, ou ir de mala e cuia pra Macaé, estudar medicina na UFRJ e tomar vergonha na cara e admitir que (infelizmente) agora sou adulta. Mas não era só medo de crescer. O maior problema era o financeiro. Como meus pais iriam me bancar em Macaé? Como?
Afinal, as bolsas que a universidade oferece são no valor de 360 reais e não acumulam. 360 reais não cobrem minhas despesas. Mesmo que eu esteja no "top 10 pão dura Brasil". Entretanto, bem, era UFRJ. Era no interior, longe da poluição que eu odeio. Longe do trânsito super hiper caótico que eu não suporto. Longe do calor fortíssimo causado pelas ruas asfaltadas. Longe do que eu odeio. Perto do que eu gosto. Gosto de mato, vacas e montanhas. Gosto de brisa. E Macaé tem uma brisa marítima simplesmente deliciosa. A brisa é tão gostosa que nem parece que estamos no verão tenebroso que passo onde moro. Não parece mesmo.

E agora? Que decisão tomar? A cada 20 minutos eu mudava de idéia. Caramba, por que a gente tem que decidir coisas tão importantes em tão pouco tempo? Por quê? Isso é muuito injusto. Em plena madrugada lá estava eu, com Vivi no telefone. Vivi é uma das pessoas mais sensatas que conheço. Vivi deu maior força pra eu ir pra Macaé. É, mas não é Vivi que vai ter que construir uma vida nova numa cidade nova. Tá, decidi: iria pra UFRJ. Entretanto, na 2ª feira, quando cheguei na Souza Marques, e tive que assinar o papel de cancelamento da matrícula, eu simplesmente não consegui!
Cara, foi com a Souza Marques que eu chorei de alegria, foi com a Souza que eu não dormi de eufora, foi com a Souza que fiz promessas. Como jogas tudo isso fora? Cara, eu conseguiria uma bolsa de 100% numa boa faculdade e estava jogando isso fora por uma vontade alucinada de sair da região metropolitana. Não assinei o papel e voltei pra casa. A mulher responsável pelo Prouni lá me disse que eu poderia decidir até quinta feira. Voltei pra casa. Chorei de nervoso. Eu não me decidia. Chegou terça à noite. A matrícula em Macaé deveria ser feita na quarta. E eu não tinha decidido nada! Mas que droga! O que vale mais? Os sonhos? Estar perto da família? Realizar nossas vontades? Seguir nossos princípios e ser fiel à faculdade que te deu a primeira oportunidade? E o dinheiro? Onde eu arrumaria dinheiro? Por que isso tinha que acontecer logo comigo? E por que diabos o campus Macaé não tem uma droga de alojamento? Droga.

Papai chegou em casa e intimou: " Luma, por mim você já pode ir pra UFRJ. Não é justo você passar pra lá e não ir por causa de dinheiro, eu dou meu jeito. Pelo amor de Deus. Agora é com você." Eis uma coisa que eu odeio: Agora é com você, A decisão é sua, Você é quem sabe, Faz o que achar melhor.

Mas as pessoas esquecem que eu não sei o que é melhor pra mim. Mesmo que eu já tenha 18 anos!

Tá, já que papai liberou, decidi: ir para a UFRJ. Dane-se o mundo. Tô cansada de suprimir minhas vontades a vida toda. Chega uma hora que a gente quer gritar, sabe? Que quer fazer o que dá na telha. Que a gente cansa de viver em função dos outros. Que cansa de sorrir pra deixar os outros felizes enquanto a nossa vontade por dentro é gritar, chorar, desabafar, mandar todos ao inferno. Simples assim.

Mas só agora eu tô tendo noção do que consegui. EU.PASSEI.PRA.MEDICINA.DE.PRIMEIRA.NA.UFRJ.

Que surreal! Vocês sabem quantos parabéns já recebi? Talvez mais que em todos os meus últimos, sei lá, cinco aniversários! Sabe o quão famosa eu tô ficando? Cara, isso é muuuuuuuuuito bom! Valeu, papai do céu. Valeu mesmo.

Obrigada leitores. É graças a vocês que o blog existe. E é graças ao blog que eu ainda existo.

beeeeeeeeijos

14 de fevereiro de 2011

Acabei de ter o dia mais turbulento da minha vida. Por quê?

Dia 14 de fevereiro de 2011. Seria o primeiro dia de aula como bolsista na FTESM, no Rio. Mas eis que em pleno domingo, dia 13, pela manhã: tcharam! Sou raclassificada pra UFRJ. O que eu fiz? Família em peso no carro percorrendo os 175 km que separam minha casa até Macaé, onde fica o campus onde fui aprovada. 175km. É muuuita coisa! Horas de viagem. Mas valeu a pena. Macaé é uma cidade linda. Limpa, com uma temporatura agradável, ensolarado com uma brisa deliciosa. É demais. E agora? Tenho que correr cancelar tudo em Madureira pra me mandar pra Macaé. Afinal, em Macaé a temperatura não é de 45ºC e sim de uns 30ºC. Macaé tem praia e árvores. Muitas árvores. Tô feita. Grazie Dio. Depois posto mais. São uma da manhã, tive um dia tumultuado e preciso dormir!

beeeijos

12 de fevereiro de 2011

Madureira

Alguém aqui já foi a Madureira? Em pleno verão? Se você nunca foi, sorte sua. Se já foi, como você ainda está vivo?

Tá, agora os admiradores do bairro movimentadíssimo do subúrbio carioca vão querer me apedrejar. E a merda droga é que passarei a ser frequentadora assídua do bairro. Sério.

Como minhas aulas começam segunda - em menos de 30 horas serei uma universitária! - , eu e mamãe fomos até a faculdade para que eu aprendesse a chegar lá de ônibus, já que das outras duas vezes em que fui lá estava de carro com papai.
Meu, eis mais motivos para odiar transporte público.

Saí de casa por volta das 10 da manhã. Demorei um pouco pra sair, eu sei. Mas é que ontem eu fui no McDonald, comi um super combinadão, desses que tem calorias suficientes pra uma semana. Hoje eu tive que fazer uma boa caminhada. Minha consciência tava pesando. Mais que o estomago depois do lanche, fato.

Tá, então eu e mamãe pegamos o ônibus que vinha de Maricá - eu moro na estrada que é caminho para Maricá, município da região dos Lagos -  e ia para o centro do Rio. Valor da passagem: R$10,00. Depois soltamos no centro da cidade, andamos até a Central - que eu creio que seja aquela central de Central do Brasil, o filme com a Fernanda Montenegro - onde pegamos um trem. Sim colegas, trem. Bem, eu sempre achei trem uma coisa muito legal. Eu queria governar uma cidade cheia de trens. Cara, trem não pega engarrafamento! Sabe o que é não pegar engarrafento? É como comer Big Mac e não engordar! É lindo!

Ok, mas o trem não era nada lindo. Ana Carol tinha me enchido a paciência pra eu não andar de trem, pois o trem passaria perto da cracolândia e aí os caras drogados invadiriam o trem e tentariam acabar comigo. Mas parece que até para os drogados da cracolândia eu sou invisível. Não. Porque eu não vi a droga da tal cracolândia e rapidinho cheguei na estação Madureira. Mas o trem era deplorável. Estava em tão péssimo estado que era mais provável eu morrer num acidente de trem que atacada por drogados. Depois de alguns minutos de sofrimento naquela droga de trem - acho que nem bondinhos me enchem mais os olhos - me deparei com um centro comercial assustador.
Eu já falei que odeio centros comerciais, shopping center, trânsito e tudo que remeta a metrópole? Pois que praticamente entrei em pânico. Eu prometo que um dia me mando pro interior do estado, onde eu tenha uma plantação de girassóis, uma horta, um pomar, e trabalhe no único posto de saúde da região. E que eu vá trabalhar de bicicleta, óbvio. Mas isso não vem ao caso agora.

Ao sair da estação dei de cara com um labirinto de passarelas. Meu Deus, era muita passarela! Tá, calma. Depois de pedir informação a umas vinte e cinco mil pessoas cheguei na faculdade, que já nem é Madureira direito, é Cascadura. Andei igual a uma bandeirante desbravadora da Amazônia e percorri as ruas apanhadas de lojas, vendedores ambulantes e transeuntes. Era o fim, só podia. Bebi uns 50 litros de água. Os vendedores ambulantes gritavam em nossos ouvidos sempre " água é um real, água é um real!". Tinha tanta van na rua que me senti na África do Sul. Cheguei a ponto de entrar na Americanas pra pegar uma brisa do ventilador que estava exposto. Isso pode não ser algo  legal mas você, caro leitor, não era eu, ok?

Bem, depois de muita peregrinação, descobri algumas coisas:

- mesmo que o termômetro da rua marque 41ºC a sombra, a sensação térmica pode beirar os 50ºC, pois tem gente demais na rua.

- Eu odeio barulhos.

- Em Madureira, as lojas de roupas vagabundas ( tipo: regatas de 3,99 e short de 2,99) vendem uniforme de escola pública, é sério. Mamãe acha que é porque as escolas só dão um uniforme e os alunos precisam de mais de um. Aí esses comerciantes ambiciosos que escravizam costureiras bolivianas, colombianas, peruanas e talz falsificam o uniforme e vendem. E vende muito! Nunca vi nada parecido em Niterói ou São Gonçalo.

- Se o teu sonho é estudar medicina, você acorda 04:40 da manhã, pega onibus, trem, anda pra caramba, pega onibus, outro onibus e chega em casa umas oito da noite. Pra revisar a matéria, você simplesmente nãp dorme.

- Se você sai, em pleno verão, e fica muito tempo andando em ruas ensolaradas, seu bronzeado fica com a marca da roupa. E você se despera!

- Arlindo Cruz fez aquelas música pra Madureira. Mas se ele fosse lá hoje e passasse pelo que passei, ele negaria até a morte.

- O Aquecimento Global destruiu a cidade maravilhosa. E o resto do mundo. Sim.

beeijos

6 de fevereiro de 2011

O mais importante não é de onde se vem e sim para onde se quer ir.

Eu não sabia quando seria a melhor hora pra falar isso aqui. Mas agora o desejo de partilhar a alegria e a ansiedade com meus amadíssimos, fofíssimos leitores, para os visitantes ocasionais, para alguém que está aqui pela primeira vez falou mais alto.


Eu consegui. Sim, eu consegui. E espero continuar conseguindo. O quê? A tão sonhada chance de estudar medicina. Eu vou realizar meu sonho. Superei o primeiro dos milhões de obstáculos que tenho no caminho. E vou lutar muito para não bloquearem meu trajeto. Consegui, graças ao excelentíssimo programa do querido, fofo, Lula ( eu já disse que virei fã número zero - antes do um - desse cara diante dos últimos acontecimentos? ). Pois foi graças ao amado PROUNI -  programa que já admirava e agora sou incrivelmente grata - uma bolsa integral pra estudar medicina!!!!

Pois é, nem eu tô acreditando aina. Morri de medo de não conseguir a bolsa, já que papai é autonomo e comprovar renda é difícil e talz, mas a justiça foi feita e eu consegui!!!!
Eu consegui! Já estou matriculada no primeiro ano da Escola de Medicina da Fundação Técnico Educacional Souza Marques!
Vocês tem noção do que é isso? Eu sou uma das primeiras pessoas da família a ir pra faculdade! "Primeiras" porque eu tenho uma tia por parte de mãe que fez licenciatura em matemática numa pequena universidade em São Gonçalo graças a um convênio da Prefeitura de Cachoeiras de Macacu, onde trabalha, e uma prima por parte de pai que fez Marketing na Estácio, se não me engano.

Cara, meus pais estão tão orgulhosos de mim! Mal terminei o ensino médio, não fiz nenhum preparatório e consegui passar pra medicina. Tudo bem que não foi pra nenhuma federal ( de qualquer forma torçam por mim, agora sou a primeira da lista de espera da UFRJ - macaé, e eu quero ir para o mural da escola onde fica o nome de quem passou pras universidades públicas), mas é o que eu quero.

Nunca me importei de onde iria estudar e sim quando eu conseguiria ingressar. Pois desistir do meu sonho de ser médica e migrar pra outra área seria o cúmulo pra mim. Ah, sim. Quero dizer, Ivo Pitanguy tentou 8 vezes! Por que diabos eu, a singela Luma, deveria desistir logo de cara? Fala sério.

As aulas começam dia 14/02. Estou nervosa. Um monte de gente totalmente diferente de mim. Com histórias completamente diferentes das minhas. Mas acha que ligo? Não. E sabe por quê? Porque embora a maioria deles tenham estudado em boas escolas particulares e tenham viajado o mundo inteiro, todos estamos ligados pelo mesmo objetivo. De ser médicos. De salvar vidas.

Beeeeijos, espero postar de novo em breve! =D