29 de novembro de 2009

Nina & Caio, Parte III

Parte III

Entrei em casa cantando feito uma idiota. Só não me lembro agora qual era a música. Mas era uma música bem ridícula, não estou brincando.

Como entrei pela porta da cozinha, fui direto lavar as mãos na pia e depois pegar um copo de água na geladeira. Acho que pelo fato de ter me escutando entrar em casa e pior, cantando, Marina veio lá de dentro falar comigo.

- Posso saber o que aconteceu? – ela perguntou enquanto saía do corredor, chegando à cozinha.

- A melhor coisa do mundo, Mari! – respondi sorrindo.

- Oh, meu Deus, acabou a fome no mundo? Fidel Castro morreu? Acabou o talibã?

- Não, melhor!

Lavei o copo que bebi água, coloquei no porta-copo e fui andando em direção à sala. Marina veio atrás de mim:

- Me conta logo criatura!

- Amanhã eu vou sair com o Caio! – eu disse suspirando enquanto caía no grande pufe laranja que havia no canto, ao lado da televisão.

- NÃO ACREDITO! HÁ! – ela gritou.

- Eu que vou sair com o cara que eu amo e você que grita?- dei uma pausa. – Peraí, tem alguém em casa?

- Tem eu e você, Nina.

- Não, eu quis dizer além da gente, né?

- Não. Mas me conta como foi isso. Eu sabia que uma hora ele não iria resistir a ti, amiga!

Esse “ti” da Marina é tão fofo! Nessas horas eu queria ser gaúcha que nem ela, só pra falar “ti” desse jeito.

Me levantei e contei à Marina. Quero dizer, contei que eu tinha vindo de carona com ele e que depois ele me chamou pra sair e tal. O lance é que eu contei encenando.

- ... aí ele não acreditava, sabe? Ficava falando “quero dizer” toda hora, uma coisa tão meiga!

- Você tá parecendo uma menina de doze anos! – ela deu uma risada.- Mas e aí, você ficaram?

- É, não. – eu disse desanimada enquanto caía no sofá. – Ai, vai ver é isso, Mari!

- Isso o quê?

- Ele não me chamou pra sair, sair mesmo, quero dizer, do jeito que eu gostaria. Vai ver ele me chamou pra sair porque quer me mostrar algum lugar mesmo, mas sem romantismo, só como amigos, sabe?

- Não to entendendo, Nina.

- Como não? Ele não me chamou porque se interessa por mim. É isso, ele só me quer como amiga mesmo. Porque senão, vai ver ele teria ficado comigo, sabe como é.

- Você ta viajando.

- Não to nada. Mas pensa comigo, se...

Nessa hora fui interrompida pelo telefone que tocava. Marina se levantou e foi atender:

- Alô? – pausa – Ah, oi. – pausa – Não, ela já está dormindo. – É tia, a senhora sabe como é. Medicina é super cansativo, a Fernanda tem que dormir sempre que dá, coitada. – pausa. – Pode deixar que eu aviso a ela. – pausa – Uhum, não se preocupa, amanhã ela te liga. – pausa – Fica tranqüila, tia, não vou me esquecer. Ah, e manda um beijo pra mamãe. – pausa – Beijo, tchau.

Ela desligou o telefone.

- Onde que a Fê está afinal?

- Ah, hoje ela não dorme em casa. Saiu com o Miguel.

- Coitada da sua tia. Não entendo como vocês duas conseguem ser tão diferentes sendo da mesma família.

- Nem eu entendo, Nina.

- Ok, voltando ao assunto. – continuei falando enquanto fui à cozinha e voltei com uma maçã. – Isso não está certo. O comportamento do Caio, quero dizer. Ouve bem Mari, eu já tive cinco namorados, isso desde os 13. Sem contar o que não se tornou oficial. Eu tenho experiência nisso, sabe?

- Vai começar com neurose de novo?

- Não é neurose. É que você é muito nova. Acha que o mundo é um conto de fadas. – dei uma mordida na maçã e continuei falando de boca cheia – Ele é um homem, amiga. Tem 25 anos.

- Eu não sou nenhuma idiota. Não é porque eu tenho 17 e nunca tive um relacionamento duradouro que eu não entendo nada.

- Ah é, você vê novela.

- Não tem graça nenhuma, Nina. Vamos acabar com isso e ir dormir porque já são meia-noite e eu tenho um monte de coisas pra fazer amanhã.

- O que você vai fazer amanhã? – perguntei. Afinal, desde quando Marina têm algum programa nos fins de semana?

- Eu tenho que... que... visitar minha tia. Não a mãe da Fernanda. A minha tia por parte de pai.

- Eu não sabia que você tinha parentes no Rio.

- Tá vendo? E você acha que sabe de tudo. Minha tia mora na Tijuca.

- E você sabe chegar lá? – perguntei.

- Sei, eu me viro.

- Tá legal. Tá, vou tentar dormir né? Amanhã tenho que ver a vovó no hospital, adiantar um trabalho, marcar hora no salão, porque eu estou péssima.

- Ah, é você está péssima, ta mesmo. O que é isso? Ah, é você tem um fio de cabelo em pé, uhum. – Marina me disse com ironia e foi pro quarto dela.

Depois disso tomei meu banho e fui dormir. Fernanda não iria dormir em casa. E Juliana estava fora também, o que significava o meu quarto só pra mim! Eba!


P.S.: Sei que essa história está chata pelo fato de eu estar explicando muito a vida da Nina e com o Caio aparecendo pouco. Mas isso é importante para que entendam como é a rotina da Nina, como é a personalidade dela.

3 comentários:


29 de novembro de 2009

Nina & Caio, Parte III

Parte III

Entrei em casa cantando feito uma idiota. Só não me lembro agora qual era a música. Mas era uma música bem ridícula, não estou brincando.

Como entrei pela porta da cozinha, fui direto lavar as mãos na pia e depois pegar um copo de água na geladeira. Acho que pelo fato de ter me escutando entrar em casa e pior, cantando, Marina veio lá de dentro falar comigo.

- Posso saber o que aconteceu? – ela perguntou enquanto saía do corredor, chegando à cozinha.

- A melhor coisa do mundo, Mari! – respondi sorrindo.

- Oh, meu Deus, acabou a fome no mundo? Fidel Castro morreu? Acabou o talibã?

- Não, melhor!

Lavei o copo que bebi água, coloquei no porta-copo e fui andando em direção à sala. Marina veio atrás de mim:

- Me conta logo criatura!

- Amanhã eu vou sair com o Caio! – eu disse suspirando enquanto caía no grande pufe laranja que havia no canto, ao lado da televisão.

- NÃO ACREDITO! HÁ! – ela gritou.

- Eu que vou sair com o cara que eu amo e você que grita?- dei uma pausa. – Peraí, tem alguém em casa?

- Tem eu e você, Nina.

- Não, eu quis dizer além da gente, né?

- Não. Mas me conta como foi isso. Eu sabia que uma hora ele não iria resistir a ti, amiga!

Esse “ti” da Marina é tão fofo! Nessas horas eu queria ser gaúcha que nem ela, só pra falar “ti” desse jeito.

Me levantei e contei à Marina. Quero dizer, contei que eu tinha vindo de carona com ele e que depois ele me chamou pra sair e tal. O lance é que eu contei encenando.

- ... aí ele não acreditava, sabe? Ficava falando “quero dizer” toda hora, uma coisa tão meiga!

- Você tá parecendo uma menina de doze anos! – ela deu uma risada.- Mas e aí, você ficaram?

- É, não. – eu disse desanimada enquanto caía no sofá. – Ai, vai ver é isso, Mari!

- Isso o quê?

- Ele não me chamou pra sair, sair mesmo, quero dizer, do jeito que eu gostaria. Vai ver ele me chamou pra sair porque quer me mostrar algum lugar mesmo, mas sem romantismo, só como amigos, sabe?

- Não to entendendo, Nina.

- Como não? Ele não me chamou porque se interessa por mim. É isso, ele só me quer como amiga mesmo. Porque senão, vai ver ele teria ficado comigo, sabe como é.

- Você ta viajando.

- Não to nada. Mas pensa comigo, se...

Nessa hora fui interrompida pelo telefone que tocava. Marina se levantou e foi atender:

- Alô? – pausa – Ah, oi. – pausa – Não, ela já está dormindo. – É tia, a senhora sabe como é. Medicina é super cansativo, a Fernanda tem que dormir sempre que dá, coitada. – pausa. – Pode deixar que eu aviso a ela. – pausa – Uhum, não se preocupa, amanhã ela te liga. – pausa – Fica tranqüila, tia, não vou me esquecer. Ah, e manda um beijo pra mamãe. – pausa – Beijo, tchau.

Ela desligou o telefone.

- Onde que a Fê está afinal?

- Ah, hoje ela não dorme em casa. Saiu com o Miguel.

- Coitada da sua tia. Não entendo como vocês duas conseguem ser tão diferentes sendo da mesma família.

- Nem eu entendo, Nina.

- Ok, voltando ao assunto. – continuei falando enquanto fui à cozinha e voltei com uma maçã. – Isso não está certo. O comportamento do Caio, quero dizer. Ouve bem Mari, eu já tive cinco namorados, isso desde os 13. Sem contar o que não se tornou oficial. Eu tenho experiência nisso, sabe?

- Vai começar com neurose de novo?

- Não é neurose. É que você é muito nova. Acha que o mundo é um conto de fadas. – dei uma mordida na maçã e continuei falando de boca cheia – Ele é um homem, amiga. Tem 25 anos.

- Eu não sou nenhuma idiota. Não é porque eu tenho 17 e nunca tive um relacionamento duradouro que eu não entendo nada.

- Ah é, você vê novela.

- Não tem graça nenhuma, Nina. Vamos acabar com isso e ir dormir porque já são meia-noite e eu tenho um monte de coisas pra fazer amanhã.

- O que você vai fazer amanhã? – perguntei. Afinal, desde quando Marina têm algum programa nos fins de semana?

- Eu tenho que... que... visitar minha tia. Não a mãe da Fernanda. A minha tia por parte de pai.

- Eu não sabia que você tinha parentes no Rio.

- Tá vendo? E você acha que sabe de tudo. Minha tia mora na Tijuca.

- E você sabe chegar lá? – perguntei.

- Sei, eu me viro.

- Tá legal. Tá, vou tentar dormir né? Amanhã tenho que ver a vovó no hospital, adiantar um trabalho, marcar hora no salão, porque eu estou péssima.

- Ah, é você está péssima, ta mesmo. O que é isso? Ah, é você tem um fio de cabelo em pé, uhum. – Marina me disse com ironia e foi pro quarto dela.

Depois disso tomei meu banho e fui dormir. Fernanda não iria dormir em casa. E Juliana estava fora também, o que significava o meu quarto só pra mim! Eba!


P.S.: Sei que essa história está chata pelo fato de eu estar explicando muito a vida da Nina e com o Caio aparecendo pouco. Mas isso é importante para que entendam como é a rotina da Nina, como é a personalidade dela.

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