7 de abril de 2010

É, São Pedro exagerou dessa vez.

Eu imagino que você, que não mora no Rio de Janeiro e região metropolitana (e talvez até quem mora), esteja cansado de ouvir falar das chuvas ( ou melhor, DA CHUVA.)
Mas não tenho como ignorar o que se passa, afinal, as minhas cidades (eu me considero com dupla cidadania(?), niteroiense por nascimento e gonçalense por adoção) formam a região mas atingida. E eu duvido muito, que você, que está a muitos quilômetros daqui tenha a menor idéia do que está acontecendo. Imagina uma coisa bem ruim. Agora piora. Piora mais. Você chegou a 10% da realidade, companheiro.

E onde eu estava quando a chuva chegou? Bem, digamos que o fato de ser uma pessoa "desligada" não ajudou muito.

Na noite de segunda, começou a chover. Não era nada horripilante, não havia raios e trovões como acontecem com os temporais de fim de tarde. Era aquela chuva moderada, típica de frente fria. Claro que nem liguei. Ainda assim fiz minhas unhas, passei a chapinha no cabelo e fiz o dever de casa. "Tolinha", é o que eu sou.

Acordei ontem ouvindo a chuva. Mas, como eu disse, a chuva não estava catastrófica. Eram cinco da manhã.Tomei banho e me arrumei. Parei e pensei: "será que a escola estava alagada?". Porque o Barreto, bairro onde está localizado o Colégio Pedro II Niterói, é bastante propenso a enchentes.

Ligo pra Izabella:
Eu: "Bel, você vai pra escola?"
Izabella: "Não, tá chovendo muito, vai alagar. Nem me arrumei, minha rua virou um rio."
Eu: "tá ok."
Fim da ligação.

Olhei da janela do meu quarto. A visão "privilegiada" do quinto andar que tenho do bairro Arsenal, onde moro, me iludiu. Vi um trecho da Avenida Eugênio Borges, rodovia estadual que corta o Arsenal, alagado. Mas ali sempre alaga, basta cair qualquer chuvinha fina.

Ligo pra Mariane:
Eu: "Marie, você vai pra escola?"
Mariane:"Vou. Tá chuvendo muito, mas vai que tem aula? Hoje a professora de geografia deve terminar aquela avaliação. "
Eu: "É, né?Daqui a  pouco te ligo."
Fim da ligação.

Paro pra pensar. Existe algum informante(aluno que mora perto da escola) no Barreto? Ah, sim, Priscila. Mas não tenho o telefone dela.

Ligo pra Izabella de novo:
Eu: "Você tem o telefone de Priscila?"
Bel:"Vou ligar pra ela agora, peraí."
Fim da ligação.

O telefone toca.
Bel:"Luma, Priscila acabou de acordar. Ela disse que, pelo menos ontem à noite, o Barreto alagou. Eu não vou, você vai?"
Luma: "Não sei." , disse ao lembrar da avaliação de geografia.
Fim da ligação.

Ligo pra Mariane:
Eu: "Você vai mesmo?"
Mariane: "Vou. O pior que pode acontecer é voltar pra casa."
Eu: "Tá, vou falar pra papai levar a gente de carro. Te encontro em frente ao seu condomínio às 6:10."
Marie: "Ok."
Fim da ligação.

Saio de casa com papai. Quando a gente vai pro estacionamento (que graças a Deus é um pouquinho acima do nível da rua), vejo que a minha rua mais parece um rio. Mas tudo bem. Ela sempre fica assim. Entro no carro e Mariane liga dizendo que não conseguiu atravessar a pista na altura de onde ela mora, estava muito alagada. Era pra nos encontrarmos na passarela.

Eu e papai pegamos Mariane e fomos rumo à Rodovia Amaral Peixoto, que é a pista de quem sai do Arsenal rumo ao bairro Fonseca(já em Niterói). De lá, a gente partiria pro Barreto.

Percebemos a pista vazia. Estranho. Nenhum ônibus, nenhum carro sequer. Alguns quilômetros a frente, um carro voltando na contramão. Jesus, o que estava acontecendo?
Vimos um monte de barreiras caindo ao longo da estrada. É, melhor voltar pra casa.
Fomos fazer o retorno no Baldeador (divisa de Niterói e São Gonçalo), pegando a Estrada Velha de Maricá. Percebemos que uma barreira fechou metade da pista. Prosseguimos. Mais a frente, vimos que outra barreira caiu, fechando toda a pista. Voltamos e pegamos a Rodovia Amaral Peixoto em sentido contrário. Mais barreiras caindo. Uma caminhonete branca nos ultrapassou. Mais a frente, pudemos ver que uma barreira caiu em cima da caminhonete branca, fechando metade da pista. Era isso mesmo? Nos salvamos por segundos? Me senti naquele filme mentiroso, 2012. O carro passando e as barreiras e enchentes atrás, tipo quando o carinha foge dos terremotos. Surreal.

Voltamos pra casa, Marie e eu ligamos a tv. Só aí a gente começa a ter noção do problema. O mundo desabando, horrendo.

O nível da água chegou quase ao teto das casas em São Gonçalo Foto: Sidney M. Mafort /vc repórter
Colubandê, bairro a uns 5 minutos do Arsenal.

Enchente em São Gonçalo
uma das principais ruas de Alcântara, centro comercial movimentado de São Gonçalo. Claro que o comércio não abriu.

Icaraí_600
rua de Icaraí, bairro na zona sul de Niterói.

Quando vocês assistirem ao telejornal, lembre-se: aquela é a cidade da Luma do blog.

Beijos, que a chuva nos deixe em paz.

P.S..: eu, Marie e Bel finalmente fizemos nosso blog. Visitem, é o Das seis às seis.

Um comentário:


7 de abril de 2010

É, São Pedro exagerou dessa vez.

Eu imagino que você, que não mora no Rio de Janeiro e região metropolitana (e talvez até quem mora), esteja cansado de ouvir falar das chuvas ( ou melhor, DA CHUVA.)
Mas não tenho como ignorar o que se passa, afinal, as minhas cidades (eu me considero com dupla cidadania(?), niteroiense por nascimento e gonçalense por adoção) formam a região mas atingida. E eu duvido muito, que você, que está a muitos quilômetros daqui tenha a menor idéia do que está acontecendo. Imagina uma coisa bem ruim. Agora piora. Piora mais. Você chegou a 10% da realidade, companheiro.

E onde eu estava quando a chuva chegou? Bem, digamos que o fato de ser uma pessoa "desligada" não ajudou muito.

Na noite de segunda, começou a chover. Não era nada horripilante, não havia raios e trovões como acontecem com os temporais de fim de tarde. Era aquela chuva moderada, típica de frente fria. Claro que nem liguei. Ainda assim fiz minhas unhas, passei a chapinha no cabelo e fiz o dever de casa. "Tolinha", é o que eu sou.

Acordei ontem ouvindo a chuva. Mas, como eu disse, a chuva não estava catastrófica. Eram cinco da manhã.Tomei banho e me arrumei. Parei e pensei: "será que a escola estava alagada?". Porque o Barreto, bairro onde está localizado o Colégio Pedro II Niterói, é bastante propenso a enchentes.

Ligo pra Izabella:
Eu: "Bel, você vai pra escola?"
Izabella: "Não, tá chovendo muito, vai alagar. Nem me arrumei, minha rua virou um rio."
Eu: "tá ok."
Fim da ligação.

Olhei da janela do meu quarto. A visão "privilegiada" do quinto andar que tenho do bairro Arsenal, onde moro, me iludiu. Vi um trecho da Avenida Eugênio Borges, rodovia estadual que corta o Arsenal, alagado. Mas ali sempre alaga, basta cair qualquer chuvinha fina.

Ligo pra Mariane:
Eu: "Marie, você vai pra escola?"
Mariane:"Vou. Tá chuvendo muito, mas vai que tem aula? Hoje a professora de geografia deve terminar aquela avaliação. "
Eu: "É, né?Daqui a  pouco te ligo."
Fim da ligação.

Paro pra pensar. Existe algum informante(aluno que mora perto da escola) no Barreto? Ah, sim, Priscila. Mas não tenho o telefone dela.

Ligo pra Izabella de novo:
Eu: "Você tem o telefone de Priscila?"
Bel:"Vou ligar pra ela agora, peraí."
Fim da ligação.

O telefone toca.
Bel:"Luma, Priscila acabou de acordar. Ela disse que, pelo menos ontem à noite, o Barreto alagou. Eu não vou, você vai?"
Luma: "Não sei." , disse ao lembrar da avaliação de geografia.
Fim da ligação.

Ligo pra Mariane:
Eu: "Você vai mesmo?"
Mariane: "Vou. O pior que pode acontecer é voltar pra casa."
Eu: "Tá, vou falar pra papai levar a gente de carro. Te encontro em frente ao seu condomínio às 6:10."
Marie: "Ok."
Fim da ligação.

Saio de casa com papai. Quando a gente vai pro estacionamento (que graças a Deus é um pouquinho acima do nível da rua), vejo que a minha rua mais parece um rio. Mas tudo bem. Ela sempre fica assim. Entro no carro e Mariane liga dizendo que não conseguiu atravessar a pista na altura de onde ela mora, estava muito alagada. Era pra nos encontrarmos na passarela.

Eu e papai pegamos Mariane e fomos rumo à Rodovia Amaral Peixoto, que é a pista de quem sai do Arsenal rumo ao bairro Fonseca(já em Niterói). De lá, a gente partiria pro Barreto.

Percebemos a pista vazia. Estranho. Nenhum ônibus, nenhum carro sequer. Alguns quilômetros a frente, um carro voltando na contramão. Jesus, o que estava acontecendo?
Vimos um monte de barreiras caindo ao longo da estrada. É, melhor voltar pra casa.
Fomos fazer o retorno no Baldeador (divisa de Niterói e São Gonçalo), pegando a Estrada Velha de Maricá. Percebemos que uma barreira fechou metade da pista. Prosseguimos. Mais a frente, vimos que outra barreira caiu, fechando toda a pista. Voltamos e pegamos a Rodovia Amaral Peixoto em sentido contrário. Mais barreiras caindo. Uma caminhonete branca nos ultrapassou. Mais a frente, pudemos ver que uma barreira caiu em cima da caminhonete branca, fechando metade da pista. Era isso mesmo? Nos salvamos por segundos? Me senti naquele filme mentiroso, 2012. O carro passando e as barreiras e enchentes atrás, tipo quando o carinha foge dos terremotos. Surreal.

Voltamos pra casa, Marie e eu ligamos a tv. Só aí a gente começa a ter noção do problema. O mundo desabando, horrendo.

O nível da água chegou quase ao teto das casas em São Gonçalo Foto: Sidney M. Mafort /vc repórter
Colubandê, bairro a uns 5 minutos do Arsenal.

Enchente em São Gonçalo
uma das principais ruas de Alcântara, centro comercial movimentado de São Gonçalo. Claro que o comércio não abriu.

Icaraí_600
rua de Icaraí, bairro na zona sul de Niterói.

Quando vocês assistirem ao telejornal, lembre-se: aquela é a cidade da Luma do blog.

Beijos, que a chuva nos deixe em paz.

P.S..: eu, Marie e Bel finalmente fizemos nosso blog. Visitem, é o Das seis às seis.

Um comentário: