9 de janeiro de 2010

Diário de Patrícia - II

Terça-feira, 21 de abril

Hoje eu fui ao cinema com Cecília e Dani. Eu achei uma atitude muito imbecil ir ao cinema hoje, feriado nacional. Como ninguém tem nada pra fazer, vai todo mundo pro cinema. Mas achei melhor nem discutir, porque eu não tava a fim de ficar em casa, até porque papai tava querendo visitar vovó Ana. Vovó Ana é a mãe de papai.

Ela até que é legal. Pra uma velhinha de 70 anos ela é bem legal. Isso se legal quer dizer alguém que após pedir o divórcio arrumou um namorado vinte anos mais novo, fez uma tatuagem, comprou uma moto e decidiu “vivir La vida loca”. E quando eu chego lá ela fica indignada porque eu não tenho um namorado. Obrigada vovó, mas eu não preciso da senhora pra me lembrar disso.

Bem, voltando. Eu, Ceci e Dani fomos ver um filme que eu jurava que era engraçado, considerando o trailer e tal. Mas o filme só tem coisa indecente. Parece que todo mundo é ninfomaníaco. Como que eles põem um filme desses com censura 14 anos? Eu tenho 15 e não me sinto psicologicamente preparada pra isso. E pra piorar o filme – ou melhorar – encontro Gabriel na sala de cinema.

É, eu tava parada lá, tipo assim, tomando uma Fanta Laranja quando eu olho pro lado e vejo Gabriel. É, simples assim. Mas é claro que meu coração deu uma cambalhota na hora. E a quantidade de Fanta que estava na minha boca desceu minha garganta escorregando e queimando as amídalas. Sério. “Pati?” foi o que ele disse. Eu odeio que me chamem de Pati porque lembra patricinha, mas quando é ele que tá falando, tudo bem. “Oi”, eu disse de volta. Mas aí apagaram as luzes porque o filme ia começar e a gente teve que se concentrar em desligar o celular.

Aquela droga de filme me fez passar vergonha na frente de Gabriel. Porque eu acho que, tipo, não é muito legal a gente ver um filme onde todo mundo só fala de sexo o tempo todo. Minha vontade era fugir, não to brincando.

De qualquer forma, o dia foi horrível porque Ceci ficou mostrando pra mim e pra Dani como o filme era machista, considerando que o casal ia fazer sexo a três e tava procurando uma mulher pra isso e não um homem. Dane-se. Minha vontade era xingar um palavrão bem grande. Ainda bem que no escuro não dá pra ver nossa cara vermelha de vergonha.

Sério, quando que as pessoas vão entender que não se fala durante no cinema?

Depois do filme, eu vi que com Gabriel estava o pessoal da minha antiga escola. E como todos eles são de Maricá também, eu me despedi das meninas e voltei com eles. Afinal, Dani mora em São Gonçalo e Ceci – pasmem – em Itaboraí. E as três estudamos juntas em Niterói.

 Mas foi legal rever o pessoal da minha antiga escola. Não pense que ele é longe da minha casa. O Centro Educacional São Lucas* fica na minha rua. Eu é que nunca vou lá. Mas voltando, todos nós juntos tomamos Milk-shake e depois voltamos pra casa. Ainda bem que o ônibus Niterói-Maricá tem ar-condicionado, porque a temperatura lá fora estava em 33ºC. Eu vi no termômetro. Mas aquele ônibus TEM que ter ar-condicionado, porque o preço da passagem é um roubo.

Contudo, não pense que na volta foi um passeio romântico, sabe como é, comigo e o Gabriel caminhando no anoitecer do ponto de ônibus até o prédio que a gente mora. Fernanda tava com a gente.

Bem, eu tenho que contar a história. Até dezembro eu sofria uma paixão platônica por Eduardo, o cara mais popular do Centro Educacional São Lucas. Ele era dois anos mais velho com a gente, tava no segundo ano do Ensino Médio. Sabe como é, quando o cara é loiro, alto, com olhos azuis hipnotizantes, garotas idiotas como eu se apaixonam. Mas no último verão tudo mudou. Eu fui pra praia com Fernanda e a correnteza da água me puxou. Eu, como não sei nadar, jurava que ia morrer. Já tava pedindo perdão a Deus pelos meus pecados. Então eu apaguei. E vi Gabriel, que eu conhecia desde os cinco anos de idade, por sermos vizinhos em cima de mim. Ele tinha salvado a minha vida.

“Lembra quando eu te disse que você precisava aprender a nadar?” foi o que ele disse naquela hora para mim, enquanto dava um sorriso perfeitamente branco. Eu, mesmo com a garganta seca e com gosto de sal na boca respondi: “Nós tínhamos nove anos e você disse que o professor de natação obrigava a gente a entrar na piscina de água gelada quando fazia frio.”

Aí ele comprou três garrafinhas de água de 500ml cada uma pra mim até que o gosto de sal em minha boca diminuísse e a gente ficou conversando. Até a noite. Principalmente porque Fernanda, que mora no terceiro andar, embaixo da minha casa, tava ficando com Eduardo naquela hora. E nesse instante eu descobri que eu nem gostava tanto de Eduardo. E dias depois me descobri, tipo, completamente apaixonada por Gabriel. Foi quando ele me ajudou a zerar o joguinho do Sonic no videogame. Eu tinha esse trauma. Desde que mamãe ainda era viva que eu tentava zerar o Sonic e nunca que conseguia. E Gabriel me ensinou a vencer o último cara, que dava choque na gente. Quando a mão dele encostou na minha pra pegar o joystick eu percebi que ele era o homem da minha vida. Simples assim

Como eu disse, hoje eu, Fernanda e Gabriel voltamos juntos pra casa. Meu, por que Fernanda adora destruir os meus dias? Sabe como é, talvez se Fernanda não estivesse com a gente ele poderia ver o céu cor-de-rosa de fim de tarde e percebido que nasceu pra mim. Mas Fernanda, seu cabelo loiro de luzes e o tic-tic de seu salto alto não deixaram.

Fomos cada um pro nosso apartamento. Fernanda – 301 ; Gabriel – 401 e eu – 402.
Cheguei em casa há, tipo, mais ou menos uma hora. Papai e Cris ainda não chegaram, devem estar vindo. Estou fazendo um macarrão pra mim porque não agüento mais comer pizza.

Ai. Meu. Deus. O macarrão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Acabei de voltar da cozinha. Eu queimei o macarrão e tá um cheiro horrível de queimado. Vou ter que limpar a panela. Como que Gabriel não sentiu o cheiro de queimado lá do apartamento dele? Ele tinha que aparecer para me salvar – de novo. Droga. Agora aposto que vou comer a pizza que papai e Cris devem trazer.

*nome fictício, não sei se existe um Centro Educacional São Lucas em Maricá.



É muito amor à escrita escrever isso hoje, considerando que hoje fiz vestibular e em Niterói estava 36ºC. Pelo menos foi o que um termômetro entre duas árvores acusava às 17:30.

Um comentário:

  1. hahhahahaha...eu nao aguento mais comer pizza tambem...minha mãe está doente e ninguem quer cozinhar aqui em casa...ai, eu tento fazer macarrao...mas é uma tragédia total!!!....adorei seu post!!!
    bjooo querida!!!

    ResponderExcluir


9 de janeiro de 2010

Diário de Patrícia - II

Terça-feira, 21 de abril

Hoje eu fui ao cinema com Cecília e Dani. Eu achei uma atitude muito imbecil ir ao cinema hoje, feriado nacional. Como ninguém tem nada pra fazer, vai todo mundo pro cinema. Mas achei melhor nem discutir, porque eu não tava a fim de ficar em casa, até porque papai tava querendo visitar vovó Ana. Vovó Ana é a mãe de papai.

Ela até que é legal. Pra uma velhinha de 70 anos ela é bem legal. Isso se legal quer dizer alguém que após pedir o divórcio arrumou um namorado vinte anos mais novo, fez uma tatuagem, comprou uma moto e decidiu “vivir La vida loca”. E quando eu chego lá ela fica indignada porque eu não tenho um namorado. Obrigada vovó, mas eu não preciso da senhora pra me lembrar disso.

Bem, voltando. Eu, Ceci e Dani fomos ver um filme que eu jurava que era engraçado, considerando o trailer e tal. Mas o filme só tem coisa indecente. Parece que todo mundo é ninfomaníaco. Como que eles põem um filme desses com censura 14 anos? Eu tenho 15 e não me sinto psicologicamente preparada pra isso. E pra piorar o filme – ou melhorar – encontro Gabriel na sala de cinema.

É, eu tava parada lá, tipo assim, tomando uma Fanta Laranja quando eu olho pro lado e vejo Gabriel. É, simples assim. Mas é claro que meu coração deu uma cambalhota na hora. E a quantidade de Fanta que estava na minha boca desceu minha garganta escorregando e queimando as amídalas. Sério. “Pati?” foi o que ele disse. Eu odeio que me chamem de Pati porque lembra patricinha, mas quando é ele que tá falando, tudo bem. “Oi”, eu disse de volta. Mas aí apagaram as luzes porque o filme ia começar e a gente teve que se concentrar em desligar o celular.

Aquela droga de filme me fez passar vergonha na frente de Gabriel. Porque eu acho que, tipo, não é muito legal a gente ver um filme onde todo mundo só fala de sexo o tempo todo. Minha vontade era fugir, não to brincando.

De qualquer forma, o dia foi horrível porque Ceci ficou mostrando pra mim e pra Dani como o filme era machista, considerando que o casal ia fazer sexo a três e tava procurando uma mulher pra isso e não um homem. Dane-se. Minha vontade era xingar um palavrão bem grande. Ainda bem que no escuro não dá pra ver nossa cara vermelha de vergonha.

Sério, quando que as pessoas vão entender que não se fala durante no cinema?

Depois do filme, eu vi que com Gabriel estava o pessoal da minha antiga escola. E como todos eles são de Maricá também, eu me despedi das meninas e voltei com eles. Afinal, Dani mora em São Gonçalo e Ceci – pasmem – em Itaboraí. E as três estudamos juntas em Niterói.

 Mas foi legal rever o pessoal da minha antiga escola. Não pense que ele é longe da minha casa. O Centro Educacional São Lucas* fica na minha rua. Eu é que nunca vou lá. Mas voltando, todos nós juntos tomamos Milk-shake e depois voltamos pra casa. Ainda bem que o ônibus Niterói-Maricá tem ar-condicionado, porque a temperatura lá fora estava em 33ºC. Eu vi no termômetro. Mas aquele ônibus TEM que ter ar-condicionado, porque o preço da passagem é um roubo.

Contudo, não pense que na volta foi um passeio romântico, sabe como é, comigo e o Gabriel caminhando no anoitecer do ponto de ônibus até o prédio que a gente mora. Fernanda tava com a gente.

Bem, eu tenho que contar a história. Até dezembro eu sofria uma paixão platônica por Eduardo, o cara mais popular do Centro Educacional São Lucas. Ele era dois anos mais velho com a gente, tava no segundo ano do Ensino Médio. Sabe como é, quando o cara é loiro, alto, com olhos azuis hipnotizantes, garotas idiotas como eu se apaixonam. Mas no último verão tudo mudou. Eu fui pra praia com Fernanda e a correnteza da água me puxou. Eu, como não sei nadar, jurava que ia morrer. Já tava pedindo perdão a Deus pelos meus pecados. Então eu apaguei. E vi Gabriel, que eu conhecia desde os cinco anos de idade, por sermos vizinhos em cima de mim. Ele tinha salvado a minha vida.

“Lembra quando eu te disse que você precisava aprender a nadar?” foi o que ele disse naquela hora para mim, enquanto dava um sorriso perfeitamente branco. Eu, mesmo com a garganta seca e com gosto de sal na boca respondi: “Nós tínhamos nove anos e você disse que o professor de natação obrigava a gente a entrar na piscina de água gelada quando fazia frio.”

Aí ele comprou três garrafinhas de água de 500ml cada uma pra mim até que o gosto de sal em minha boca diminuísse e a gente ficou conversando. Até a noite. Principalmente porque Fernanda, que mora no terceiro andar, embaixo da minha casa, tava ficando com Eduardo naquela hora. E nesse instante eu descobri que eu nem gostava tanto de Eduardo. E dias depois me descobri, tipo, completamente apaixonada por Gabriel. Foi quando ele me ajudou a zerar o joguinho do Sonic no videogame. Eu tinha esse trauma. Desde que mamãe ainda era viva que eu tentava zerar o Sonic e nunca que conseguia. E Gabriel me ensinou a vencer o último cara, que dava choque na gente. Quando a mão dele encostou na minha pra pegar o joystick eu percebi que ele era o homem da minha vida. Simples assim

Como eu disse, hoje eu, Fernanda e Gabriel voltamos juntos pra casa. Meu, por que Fernanda adora destruir os meus dias? Sabe como é, talvez se Fernanda não estivesse com a gente ele poderia ver o céu cor-de-rosa de fim de tarde e percebido que nasceu pra mim. Mas Fernanda, seu cabelo loiro de luzes e o tic-tic de seu salto alto não deixaram.

Fomos cada um pro nosso apartamento. Fernanda – 301 ; Gabriel – 401 e eu – 402.
Cheguei em casa há, tipo, mais ou menos uma hora. Papai e Cris ainda não chegaram, devem estar vindo. Estou fazendo um macarrão pra mim porque não agüento mais comer pizza.

Ai. Meu. Deus. O macarrão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Acabei de voltar da cozinha. Eu queimei o macarrão e tá um cheiro horrível de queimado. Vou ter que limpar a panela. Como que Gabriel não sentiu o cheiro de queimado lá do apartamento dele? Ele tinha que aparecer para me salvar – de novo. Droga. Agora aposto que vou comer a pizza que papai e Cris devem trazer.

*nome fictício, não sei se existe um Centro Educacional São Lucas em Maricá.



É muito amor à escrita escrever isso hoje, considerando que hoje fiz vestibular e em Niterói estava 36ºC. Pelo menos foi o que um termômetro entre duas árvores acusava às 17:30.

Um comentário:

  1. hahhahahaha...eu nao aguento mais comer pizza tambem...minha mãe está doente e ninguem quer cozinhar aqui em casa...ai, eu tento fazer macarrao...mas é uma tragédia total!!!....adorei seu post!!!
    bjooo querida!!!

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