22 de janeiro de 2010

RAIO- X (momento pessoal, =T)

Não sou tão diferente. Nem tão igual.
Não sou santa. Não sou má.
Não tenho religião. Contudo, acredito em Deus.
Meu celular não tem câmera, internet. Por mim, nem teria celular, isso é coisa de mamãe.
Quero ser médica, psiquiatra, psicóloga, neurocirurgiã, escritora, jornalista, publicitária, assistente social, trabalhar na política. Tudo ao mesmo tempo. Sei que não é possível.
Já sonhei em ser Miss Universo e casar com um príncipe quando criança. Hoje, não sonho mais.
Nunca andei de avião. Não tive uma festa de debutante. Nunca andei de montanha russa. E até dezembro de 2009 nunca tinha tomado Milk-shake.
Já achei que era uma viciada em leitura, mas depois percebi que não sou. Apenas gosto de ler.
Já achei que era uma viciada em cinema, mas depois percebi que não sou. Apenas gosto de filmes.
Não assisto a novelas nem programas sensacionalistas. Gosto de ver filmes repetidos na Sessão da Tarde. Gosto de assistir A Grande Família e ver que aqui em casa, as coisas são meio parecidas.
Acredito que quem sustenta a violência são os usuários de drogas. Acredito que os responsáveis pela corrupção na política são os eleitores. Acredito que a culpa das enchentes nos córregos quase sempre vem da população que joga seu lixo lá, mesmo que haja coleta de lixo (eu já morei perto de um córrego; mesmo com coleta de lixo, é lá que as pessoas depositam suas sacolas plásticas de supermercado cheias de detritos.). Não acho que a culpa de uma multa de trânsito é de um radar ou guarda; é do motorista infrator.
Gosto de guardar qualquer lembrança. Seja um papel de bala, uma assinatura, um bilhetinho passado durante as aulas. (ou folhas de caderno que pareciam a impressão de uma conversa de msn). Gosto de tirar foto dos outros, mas nem sempre de mim.
Não que eu seja tímida. Até a oitava série, nunca tive problemas pra apresentar um trabalho em sala. E estou tentando lidar com isso no Ensino Médio, juro que estou.
Não choro toda vez que vejo um filme triste. Não rio todas as vezes que ouço uma piada. Às vezes não entendo algo, às vezes, finjo não entender.
Quando me encontro chocada com algo, meu cérebro trava por alguns dias. Mas depois volta. Gosto de conversar sozinha com um psicólogo imaginário o tempo todo.
Junto minhas moedas num porquinho de barro. Quero ter um carro, uma casa, um sítio, e viajar durante os verões no futuro.
Minha pele é branca, mas não feito um papel. Não sou pálida. Apenas muito branca para alguém que vive num meio onde todos são bronzeados. Não uso maquiagem. Minhas bochechas são rosadas o tempo todo. Não tenho espinhas. Mas raramente aparece uma.
Não sou magra. Nem sou tão gorda. Uso um manequim 42 . Tenho a altura média da mulher brasileira. Às vezes tonalizo o cabelo, mas nada que fuja dos tons discretos do castanho. São ondulados, nem lisos ou cacheados.  Meus olhos são castanhos. Mais para escuros que para claros.
Meus ídolos são os mais doidos e variados possíveis. Ben Carson, Robert Rey (um cara super legal preso nas futilidades de Hollywood), Bernardinho, Drauzio Varella, Meg Cabot, Princesa Diana.
Não entendo de música. Não sei qual é a banda ou sucesso do momento. Nem tenho muita vontade de saber. Não toco nenhum instrumento, sou desafinada. Não falo nenhum outro idioma (arranho o inglês e o espanhol, nada fluente). Não pratico nenhum esporte. Não sei nadar ou dançar.
Tenho poucas roupas e sapatos. Não sou nem a mais nem a menos bonita, inteligente, popular e carismática da escola. Não tenho um quarto só pra mim. Não tenho uma bicicleta. Não gosto do calor.
Gosto de tomar café e coca-cola. Gosto de tomar sorvete de flocos quando faz frio. Gosto de chá de hortelã e limonada com adoçante. Gosto de massas e chocolate.
Falo muito o tempo todo, mas não digo nada. Me estresso. Estressada, grito, falo cerrando os dentes, mordo os nós dos dedos. Depois me acalmo. É normal pra mim. Nunca fico gripada ou com a garganta inflamada.
Não quero me casar numa cerimônia de luxo numa catedral nem viajar para Paris ou o Taiti.
Me sinto meio velha para meus dezessete anos. Lembro de cada detalhe das últimas décadas. Tenho uma excelente memória para detalhes.
"Quando fiz dez anos, lembro que ao assoprar as velas que estavam no meu bolo de aniversário de chocolate com M&M’s, naquela festinha com a minha classe de terceira série, fiz um pedido. Disse que não queria ser adolescente nunca. Queria pular isso. Eu achava as meninas adolescentes da escola, das séries mais avançadas, muito metidas. Não queria ser assim. Queria ser adulta direto. Com onze, doze anos, as pessoas já falavam para os meus pais: “A sua filha parece uma adulta. Fala como uma adulta, meu Deus!”. Eu gostava disso."
Amo todos. Amo as pessoas que me odeiam. São nossas rivalidades que trazem  mais graça a minha vida.
Moro num apartamento dois quartos, com meus pais e meu irmão de doze anos, num bairro de classe média, numa cidade da região metropolitana.  Estudo numa escola famosa, mas não sou uma. Famosa, quero dizer. Engraçado, nem pretendo ser.
Penso demais no amanhã. Me criticam por isso. Me elogiam por isso. Mas penso que é melhor que ser egoísta e pensar só no presente. Penso que é melhor que ser nostálgica e pensar só no passado. O futuro com ilusão de felicidade, é muito mais tentador.
Que não tem medo de morrer. Só não quer ver ninguém chorando. Aliás, quando alguém chora, ela nem vai consolar. Apenas sai de perto.
Não que não me ache feliz. Quando pequena, mamãe me falou que existem diferentes tipos de pessoas. O infeliz que pensa ter felicidade. O feliz que não reconhece sua felicidade. E os felizes e infelizes que se conhecem. Eu me acho feliz. Não acho que sou uma infeliz iludida. Sou feliz e me conheço feliz. Tenho consciência limpa de tudo que penso, falo, faço. E apesar de parecer ser apenas uma garota normal na multidão, não sou. Sei que não sou. E quem me conhece, sabe que eu definitivamente não sou.
Sou a Luma, aquela que critica tudo, que elogia, que diz a verdade nua e crua. Que ama rir. Que se emociona de vez em quando. Que quer ajudar todo mundo, mas não sabe como. 

4 comentários:

  1. Adorei, Luma!
    Merece ser colocado no 'quem sou eu' do orkut! (?) hahaha. Sério.
    Ei, temos várias coisas em comum! ^^
    ;*

    ResponderExcluir
  2. A fran tem razão ou pro quem sou eu ou lá no recanto!
    p.s.: por acaso tu fez isso depois dakelas reflexões que viram poesia?! (eu tbm tenho essa mania principalmente quando estou muito sobrecarregado)

    ResponderExcluir
  3. Luma, que texto legal! Você se tornou uma menina tão interessante, que bom que resolver pular a "vida adolescente" que muitos levam nesse período. Realmente essas meninas que vemos na escola dão náuseas. Você realmente sabe fazer a diferença não sendo como elas.

    Sabe, vc se tornou exatamente o que eu imaginava que fosse ser. Desde pequenininha sempre foi uma menina de muita força, personalidade e opinião.

    Amei o Raio-X! =P

    ResponderExcluir
  4. Xará, somos parecidas em muitas coisas! (rs*) e acho que está corretíssima. Não acho legal pessoas que ficam remoendo o passado e se esquecem de viver o presente. Acho também que o futuro é a projeção do que realizados agora! Então, como propagam "viva cada minuto como se fosse o último" - temos que valorizar os bons instantes, são gotas somadas que resultam em felicidade!
    Bom fim de semana! Beijus,

    ResponderExcluir


22 de janeiro de 2010

RAIO- X (momento pessoal, =T)

Não sou tão diferente. Nem tão igual.
Não sou santa. Não sou má.
Não tenho religião. Contudo, acredito em Deus.
Meu celular não tem câmera, internet. Por mim, nem teria celular, isso é coisa de mamãe.
Quero ser médica, psiquiatra, psicóloga, neurocirurgiã, escritora, jornalista, publicitária, assistente social, trabalhar na política. Tudo ao mesmo tempo. Sei que não é possível.
Já sonhei em ser Miss Universo e casar com um príncipe quando criança. Hoje, não sonho mais.
Nunca andei de avião. Não tive uma festa de debutante. Nunca andei de montanha russa. E até dezembro de 2009 nunca tinha tomado Milk-shake.
Já achei que era uma viciada em leitura, mas depois percebi que não sou. Apenas gosto de ler.
Já achei que era uma viciada em cinema, mas depois percebi que não sou. Apenas gosto de filmes.
Não assisto a novelas nem programas sensacionalistas. Gosto de ver filmes repetidos na Sessão da Tarde. Gosto de assistir A Grande Família e ver que aqui em casa, as coisas são meio parecidas.
Acredito que quem sustenta a violência são os usuários de drogas. Acredito que os responsáveis pela corrupção na política são os eleitores. Acredito que a culpa das enchentes nos córregos quase sempre vem da população que joga seu lixo lá, mesmo que haja coleta de lixo (eu já morei perto de um córrego; mesmo com coleta de lixo, é lá que as pessoas depositam suas sacolas plásticas de supermercado cheias de detritos.). Não acho que a culpa de uma multa de trânsito é de um radar ou guarda; é do motorista infrator.
Gosto de guardar qualquer lembrança. Seja um papel de bala, uma assinatura, um bilhetinho passado durante as aulas. (ou folhas de caderno que pareciam a impressão de uma conversa de msn). Gosto de tirar foto dos outros, mas nem sempre de mim.
Não que eu seja tímida. Até a oitava série, nunca tive problemas pra apresentar um trabalho em sala. E estou tentando lidar com isso no Ensino Médio, juro que estou.
Não choro toda vez que vejo um filme triste. Não rio todas as vezes que ouço uma piada. Às vezes não entendo algo, às vezes, finjo não entender.
Quando me encontro chocada com algo, meu cérebro trava por alguns dias. Mas depois volta. Gosto de conversar sozinha com um psicólogo imaginário o tempo todo.
Junto minhas moedas num porquinho de barro. Quero ter um carro, uma casa, um sítio, e viajar durante os verões no futuro.
Minha pele é branca, mas não feito um papel. Não sou pálida. Apenas muito branca para alguém que vive num meio onde todos são bronzeados. Não uso maquiagem. Minhas bochechas são rosadas o tempo todo. Não tenho espinhas. Mas raramente aparece uma.
Não sou magra. Nem sou tão gorda. Uso um manequim 42 . Tenho a altura média da mulher brasileira. Às vezes tonalizo o cabelo, mas nada que fuja dos tons discretos do castanho. São ondulados, nem lisos ou cacheados.  Meus olhos são castanhos. Mais para escuros que para claros.
Meus ídolos são os mais doidos e variados possíveis. Ben Carson, Robert Rey (um cara super legal preso nas futilidades de Hollywood), Bernardinho, Drauzio Varella, Meg Cabot, Princesa Diana.
Não entendo de música. Não sei qual é a banda ou sucesso do momento. Nem tenho muita vontade de saber. Não toco nenhum instrumento, sou desafinada. Não falo nenhum outro idioma (arranho o inglês e o espanhol, nada fluente). Não pratico nenhum esporte. Não sei nadar ou dançar.
Tenho poucas roupas e sapatos. Não sou nem a mais nem a menos bonita, inteligente, popular e carismática da escola. Não tenho um quarto só pra mim. Não tenho uma bicicleta. Não gosto do calor.
Gosto de tomar café e coca-cola. Gosto de tomar sorvete de flocos quando faz frio. Gosto de chá de hortelã e limonada com adoçante. Gosto de massas e chocolate.
Falo muito o tempo todo, mas não digo nada. Me estresso. Estressada, grito, falo cerrando os dentes, mordo os nós dos dedos. Depois me acalmo. É normal pra mim. Nunca fico gripada ou com a garganta inflamada.
Não quero me casar numa cerimônia de luxo numa catedral nem viajar para Paris ou o Taiti.
Me sinto meio velha para meus dezessete anos. Lembro de cada detalhe das últimas décadas. Tenho uma excelente memória para detalhes.
"Quando fiz dez anos, lembro que ao assoprar as velas que estavam no meu bolo de aniversário de chocolate com M&M’s, naquela festinha com a minha classe de terceira série, fiz um pedido. Disse que não queria ser adolescente nunca. Queria pular isso. Eu achava as meninas adolescentes da escola, das séries mais avançadas, muito metidas. Não queria ser assim. Queria ser adulta direto. Com onze, doze anos, as pessoas já falavam para os meus pais: “A sua filha parece uma adulta. Fala como uma adulta, meu Deus!”. Eu gostava disso."
Amo todos. Amo as pessoas que me odeiam. São nossas rivalidades que trazem  mais graça a minha vida.
Moro num apartamento dois quartos, com meus pais e meu irmão de doze anos, num bairro de classe média, numa cidade da região metropolitana.  Estudo numa escola famosa, mas não sou uma. Famosa, quero dizer. Engraçado, nem pretendo ser.
Penso demais no amanhã. Me criticam por isso. Me elogiam por isso. Mas penso que é melhor que ser egoísta e pensar só no presente. Penso que é melhor que ser nostálgica e pensar só no passado. O futuro com ilusão de felicidade, é muito mais tentador.
Que não tem medo de morrer. Só não quer ver ninguém chorando. Aliás, quando alguém chora, ela nem vai consolar. Apenas sai de perto.
Não que não me ache feliz. Quando pequena, mamãe me falou que existem diferentes tipos de pessoas. O infeliz que pensa ter felicidade. O feliz que não reconhece sua felicidade. E os felizes e infelizes que se conhecem. Eu me acho feliz. Não acho que sou uma infeliz iludida. Sou feliz e me conheço feliz. Tenho consciência limpa de tudo que penso, falo, faço. E apesar de parecer ser apenas uma garota normal na multidão, não sou. Sei que não sou. E quem me conhece, sabe que eu definitivamente não sou.
Sou a Luma, aquela que critica tudo, que elogia, que diz a verdade nua e crua. Que ama rir. Que se emociona de vez em quando. Que quer ajudar todo mundo, mas não sabe como. 

4 comentários:

  1. Adorei, Luma!
    Merece ser colocado no 'quem sou eu' do orkut! (?) hahaha. Sério.
    Ei, temos várias coisas em comum! ^^
    ;*

    ResponderExcluir
  2. A fran tem razão ou pro quem sou eu ou lá no recanto!
    p.s.: por acaso tu fez isso depois dakelas reflexões que viram poesia?! (eu tbm tenho essa mania principalmente quando estou muito sobrecarregado)

    ResponderExcluir
  3. Luma, que texto legal! Você se tornou uma menina tão interessante, que bom que resolver pular a "vida adolescente" que muitos levam nesse período. Realmente essas meninas que vemos na escola dão náuseas. Você realmente sabe fazer a diferença não sendo como elas.

    Sabe, vc se tornou exatamente o que eu imaginava que fosse ser. Desde pequenininha sempre foi uma menina de muita força, personalidade e opinião.

    Amei o Raio-X! =P

    ResponderExcluir
  4. Xará, somos parecidas em muitas coisas! (rs*) e acho que está corretíssima. Não acho legal pessoas que ficam remoendo o passado e se esquecem de viver o presente. Acho também que o futuro é a projeção do que realizados agora! Então, como propagam "viva cada minuto como se fosse o último" - temos que valorizar os bons instantes, são gotas somadas que resultam em felicidade!
    Bom fim de semana! Beijus,

    ResponderExcluir